(SUPOSTO) COMBATE À CORRUPÇÃO PIOROU TUDO

O MPLA liderado por João Lourenço, superiormente coadjuvado na Presidência da República porJoão Lourenço tem o pior programa económico de que há memória, nos últimos 49 anos de poder ininterrupto.

Por William Tonet

A estrela lourencista, feliz ou infelizmente, em Junho de 2024, interna e externamente, já não brilha. Apagou-se. Definitivamente! Na mesma proporção, os “boquets de ilusão”, que repousavam nos “vasos mentais” de franjas do MPLA e bases aliadas são jogados, convictamente, para os contentores de lixo.

A imagem pálida, exibida, pelo presidente do MPLA, no dia 21.06.24 e o vazio das decisões tomadas, durante a reunião extraordinária do secretariado do bureau político do comité central, demonstra a forma como o navio está à deriva no alto mar. Sem bússola no comando, com falta de pragmatismo da tripulação e vários furos no convés, vai afundar-se, seguramente.

Como imaginar, diante de um descrédito social galopante, que a reunião extraordinária da tribo política do MPLA não tenha conseguido parir mais do que uma aberrante proposta de divisão administrativa de Luanda (em Fevereiro apresentou na Assembleia Nacional, a divisão de duas províncias), a criação de uma comissão para tratar do 50.º aniversário da independência e outra (comissão) para a preparação e organização de um congresso extraordinário a decorrer em Dezembro/24. Confrangedor!

O país definha a fome, miséria, “piramidal inflação” e o presidente do MPLA, cumulativamente, Presidente da República e Titular do Poder Executivo persiste em não apontar caminhos consistentes e credíveis aos angolanos, salvo estender um tapete vermelho, ao capital e investimento externo, que está a dominar e controlar a economia.

Um verdadeiro crime contra a soberania política e social dos autóctones, praticado por gente que se julgava séria e patriótica. Infelizmente, gostam mais de dinheiro do que dos cidadãos.

O papel triste de figuras como Fernando da Piedade Dias dos Santos, Bornito de Sousa, Higino Carneiro entre outros, que covardemente entram calados e saem mudos destes conclaves é comprometedor.

A omissão, ante a política errada da equipa económica do líder do MPLA, torna-os cúmplices, por ser um hino de apoio a destruição do tecido social, que escancarou as portas a nova colonização de Angola, liderada por especuladores ocidentais, asiáticos e fundamentalistas islâmicos.

Daí a descrença geral, das bases do próprio partido no poder, corroídas e distanciadas de dirigentes insensíveis, heróis de WC, que nada mais fazem, senão manter os tachos em detrimento dos 20 milhões de pretos pobres. Depois de 8 anos de intenso sofrimento e frustrações era expectável que a reunião do secretariado do bureau político do MPLA de 21.06, fosse capaz de colocar, ainda que cinicamente, os povos no centro da agenda.

Infelizmente, quais masoquistas, preferiram ostentar cachecóis milionários, vindos da China, com louvores ao chefe, ao invés de exigirem preços baixos para a fuba, arroz, feijão, óleo, peixe, carne, arredados da mesa da maioria pobre.

Por outro lado, não passa despercebida a forte e triste imagem, que o marketing partidário desconseguiu gerir e se pulveriza nas “bibliotecas mentais” dos eleitores, a divisão dos dirigentes, na sala de reunião, dos “pró-chefe” (alojados no palácio-ministros)/parlamento (deputados) e os do aparelho partidário.

Os “camaradas perfumados” não se juntam, nesta fase, aos “camaradas catinga”, salvo na época eleitoral, a estes que deixam, diariamente, suor e lágrimas, nos terrenos da mobilização, tentando tirar da lama, um MPLA sem capacidade de regenerar.

Ao reunirem-se em extraordinária sessão (21.06) esperava-se decisão transcendente, para a vida dos cidadãos e não a pífia proposta de divisão administrativa de Luanda.

Faltando menos de três anos de mandato, uma vez mais, João Lourenço mandou às urtigas, a âncora da humildade, para uma peregrinação final, na rota da união interna do partido e conciliação com o país real, demonstrando ainda ter o controlo absoluto dos órgãos militares, da segurança de Estado e da justiça, capaz de as utilizar como armas de arremesso aos oponentes.

A continuidade no poder através da força ou de um golpe de Estado, ficaram patentes, na 10.ª reunião extraordinária do bureau político do MPLA, que serviu, mais para medir a pulsação e temor dos demais, antes de apontar para a realização de um congresso extraordinário em Dezembro de 2024, que não podendo alterar os estatutos, poderá blindar a manutenção no poder através de um artifício rocambolesco.

Mas se o presidente do partido no poder se esquece, os demais membros não podem fazê-lo, quanto ao facto da maioria não fazer, sequer, uma refeição todos os dias.

A comida divide. A falta dela, muito mais…

A fome tem memória! Tem pressa e, aliada a filosofia popular, os famintos se intelectualizam ao ponto de meninos de 10 anos de idade (nascidos em 2014) apontarem o dedo: “João Lourenço não é pai é padrasto!” e, “no tempo do ‘Zeduardo’ comíamos melhor, não era no contentor”. É a voz da legião dos 5 milhões de crianças fora do sistema de ensino.

Os dirigentes do bureau político do MPLA fingiram, uma vez mais, em 21.06, desconhecer esta deplorável realidade, dada a total aversão aos pobres.

Mas hoje, até o mobilizador do regime mais fanático, trilha os becos e carreiros da fome, com os filhos fora da escola, sem emprego e falta de dinheiro para comprar medicamentos a fim de socorrer a mulher, que partilha a cama da maternidade com outra discriminada.

É isso que leva a base militante do MPLA, forçosamente referenciada no triste comunicado, a distanciar-se dos dirigentes e a não acreditar na geografia mental do líder para inverter o actual quadro dantesco do partido.

Os militantes de base do MPLA estão a engrossar, facilmente, no exército de 8 milhões de desempregados, oriundos de mais de 15.800 empresas encerradas, nestes anos, muitas ligadas a antiga liderança e inimigos internos, a que se juntarão, nos próximos dias de Julho, mais 400 bancários ligados ao banco BIC, ligado a perseguida predilecta (Isabel dos Santos) do Presidente João Lourenço.

O bureau político do MPLA foi incapaz de questionar a José de Lima Massano e ao líder, as razões do descalabro económico, que arruinou o anterior tecido produtivo e a incipiente classe empreendedora angolana, para a substituir por especuladores internacionais, que visam o lucro fácil, com a comercialização, descarada e criminosa de “cú de frango jardado”, crista de galo e pele de frango, nunca antes comercializados, nem mesmo no tempo das guerras.

De tanta incompetência, não condenaram, as linhas em que se cosem os acordos com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o BM (Banco Mundial), organismos de viés ocidental, contrários ao desenvolvimento industrial e agro-pecuário de Angola e África, cujas políticas levam a entrega das riquezas ao capital estrangeiro, a submissão colonial dos trabalhadores angolanos, a alta taxa de juros e a inflação.

Os exemplos nefastos no país, pululam, mais do que as palavras, nos pomposos relatórios destas instituições, que adornam dirigentes complexados e assimilados africanos, envaidecidos com o poder, para melhor levarem a água ao seu moinho.

O bureau político do MPLA bateu palmas a destruição da classe empresarial angolana, que já tinha lançado as bases para a transformação industrial local de muitas matérias – primas, o desenvolvimento agro-pecuário, com a implantação de uma reforma agrária e o direito ao usucapião, pelos camponeses…

O secretário-geral, Paulo Pombolo poderia pautar o exemplo dos quatro meninos do Uíge (sua terra natal, que o tornou milionário, através da locupletação do erário público), que como tese de final de curso apresentaram um protótipo de um camião. Tivesse comprometimento com a província e o país proporia para discussão, a aquisição e transferência definitiva do projecto da fábrica IFA à Alemanha, para, com as devidas alterações, a fabricação de camiões “Made in Angola”, uma vez termos visto a sua adaptabilidade às nossas esburacadas e pantanosas estradas nacionais.

Houvesse ainda, higiene intelectual da parte dos membros do secretariado do bureau político e, penitenciavam-se, diante dos agricultores madeireiros, pela vergonha, que a primeira-ministra Giorgia Meloni da Itália, na reunião do G7, os fez passar, ao apresentar uma mesa rústica sumptuosa em madeira (exportada em bruto), que se diz, angolana.

Eles, no pedestal do complexo de inferioridade, dormem e reúnem-se em mobiliário, exclusivamente, importado à preços exorbitantes da Europa ocidental e Ásia, quando poderiam desenvolver, potenciar e financiar a indústria mobiliária angolana.

Os membros do SBP mostram-se indiferentes aos 30% da inflação, no topo da pirâmide em 2024, superando a de 2017, quando João Lourenço assumiu os poderes, numa clara demonstração do fracasso do programa económico do Titular do Poder Executivo, que pese as mais de 33 viagens ao estrangeiro, não ter conseguido mobilizar investimentos estrangeiros dignos de realce.

O sistema de justiça partidocratamente, submisso ao poder presidencial, que altera a constituição, para abocanhar, por motivações políticas, património de arguidos, antes de trânsito em julgado, coloca o país fora da rota de destino de verdadeiros e honestos investidores estrangeiros, excepção aos especuladores, lavadores de dinheiro e corruptos, vistos como aliados naturais do executivo.

A equipa económica não consegue afastar a causa da inflação, que está dependente da variação do rendimento petrolífero. Se o produto cresce, a oferta de divisas no mercado cambial aumenta, fazendo baixar a quantidade de kwanzas no mercado.

No inverso, baixa do preço do crude, aumenta a taxa de câmbio e do valor do Kwanza (moeda nacional), resultando na redução da importação e, com isso, a alta do preço dos produtos da cesta básica, que leva a maioria autóctone, fruto da política económica nefasta do MPLA/JLO/FMI, a ter, nos contentores e monturos de lixo, os únicos locais para se alimentar.

Um regime que, ao ascender prometeu combater a corrupção selvagem, mas a transformou em corrupção gourmet, aumentando, ao longo de oito anos, a inflação, o roubo, a fome e a miséria, legitimou-a como opção “Made in MPLA”.

Finalmente, a reunião extraordinária do bureau político, que se julgava capaz de encostar o chefe às cordas, em defesa da fraca imagem do MPLA, ainda superior à do líder, apenas demonstrou a covardia dos seus membros, além de a política de perseguição a José Eduardo dos Santos, filhos e próximos, ao longo dos últimos oito anos, ter produzido resultados pífios, que aumentaram a ladroagem e miséria dos autóctones angolanos.

Artigos Relacionados

Leave a Comment